A Ferrari 499P, até então dominante na temporada 2025 do FIA World Endurance Championship (WEC), sofreu um duro golpe no Balance of Performance (BoP) antes da etapa deste fim de semana em Interlagos, São Paulo. A entidade reguladora aplicou mudanças significativas que poderão impactar o desempenho do protótipo italiano na luta pela vitória.
Ferrari 499P ganha peso e perde potência
Conforme o boletim técnico divulgado na terça-feira, a Ferrari 499P passará a competir com peso mínimo de 1069 kg — um acréscimo de 12 kg em relação à última corrida regular em Spa, realizada em maio. Além disso, a potência máxima abaixo dos 250 km/h foi reduzida para 480 kW, tornando o carro o menos potente da classe Hypercar nesse regime, ficando 5 kW atrás da Toyota, que ganhou exatamente esse valor.
O ajuste acontece após um início avassalador da Ferrari na temporada, com vitórias em todas as quatro etapas disputadas até o momento, incluindo as 24 Horas de Le Mans — prova que utiliza um sistema de BoP separado.
Para equilibrar a perda de potência em velocidades mais baixas, a Ferrari terá um leve aumento de potência acima dos 250 km/h, passando a 506,9 kW, uma elevação de 1,9% em comparação com Spa.
Novo método de cálculo de BoP
Após Spa, a FIA confirmou uma mudança na metodologia de BoP. Agora, os ajustes são feitos com base nos dois melhores desempenhos de cada fabricante nas últimas três corridas (excluindo Le Mans). Isso visa maior equilíbrio competitivo entre os protótipos da categoria Hypercar.
Outras Alterações na categoria Hypercar
BMW M Hybrid V8 ganhou 9 kg, mas teve aumento de 2 kW em sua potência-base, chegando a 505 kW.
Alpine A424 também teve acréscimo de peso (8 kg), mas perdeu 8 kW de potência, caindo para 512 kW — tornando-se, junto da Ferrari, o único carro a sofrer redução de potência desde Spa.Cadillac V-Series.R e Porsche 963 perderam 2 kg cada. O Cadillac ainda ganhou expressivos 15 kW (agora com 516 kW), enquanto o Porsche subiu 7 kW (501 kW).
Peugeot 9X8 manteve seus números de Spa (1030 kg e 520 kW), mas perdeu 6% de Power Gain — a maior redução da categoria.
Aston Martin Valkyrie agora tem os mesmos dados do Peugeot após perder 5 kg.
Toyota GR010 Hybrid permanece com 1069 kg, mas lidera o campo em Power Gain, com 7,2%, chegando a 519,9 kW em altas velocidades.
LMGT3: Corvette Z06 é o grande beneficiado
A classe LMGT3 também sofreu mudanças radicais no BoP, com destaque para a Chevrolet Corvette Z06 GT3.R, que perdeu 25 kg, ficando com 1345 kg. No entanto, os dois carros da TF Sport ainda carregam 6 kg adicionais por conta do handicap de sucesso conquistado em Spa.
Outros beneficiados com reduções de peso incluem:
McLaren 720S GT3 Evo (-17 kg, agora com 1348 kg)Mercedes-AMG GT3 Evo (-agora com 1338 kg)
O carro mais leve do grid LMGT3 é o Porsche 911 GT3 R, com 1334 kg, seguido pelo Aston Martin Vantage GT3 Evo (1335 kg).
Em contrapartida, o Ford Mustang GT3 recebeu 19 kg a mais (agora com 1351 kg), enquanto o BMW M4 GT3 EVO foi o mais penalizado com +12 kg, atingindo 1358 kg. Ambos, junto ao Lexus RC F GT3 (inalterado em 1354 kg) e o Ferrari 296 GT3, não receberam aumento de potência.
Aumentos de potência na LMGT3
Os maiores aumentos de potência foram para:
BMW, Corvette, McLaren e Porsche: +3%
Mercedes-AMG: +2%Aston Martin: +1%
O Ferrari #21 da AF Corse, vencedor em Spa, correrá com peso total de 1388 kg, o maior da classe. O Porsche #92 da Manthey, que venceu em Le Mans, correrá com 1370 kg.
Expectativa para Interlagos
Com um traçado técnico e poucas retas longas, o Autódromo de Interlagos pode minimizar o impacto de perdas e ganhos de potência em alta velocidade, mas o aumento de peso e a redução de força da Ferrari ainda são significativos. Será interessante ver como essas mudanças afetarão a competitividade na pista brasileira — e se finalmente algum adversário conseguirá interromper a sequência de vitórias da escuderia italiana.
