A Ferrari atravessa um período sombrio e sem precedentes em sua história recente, acumulando 17 anos sem conquistar o título de construtores e já completando 18 GPs nesta temporada sem sequer uma vitória, situação que muitos já tratam como uma verdadeira “depressão vermelha”. O jejum, que se arrasta desde 2008, é o mais prolongado da escuderia e supera os 16 anos entre 1983 e 1999 . Piero Ferrari, vice-presidente da equipe e filho do lendário Enzo, atribui essa crise a um ciclo negativo difícil de reverter, somado às limitações orçamentárias que impedem investimentos contundentes: “É uma questão de ciclos […]. Quando você começa uma má fase, não sabe quando vai atingir o fundo. Hoje, é muito complicado porque não se pode gastar mais dinheiro para cobrir as falhas, dadas as limitações do teto orçamentário” .

Embora essas restrições sejam válidas para todos, a Ferrari parece não encontrar soluções rápidas, enquanto outras equipes como a McLaren conseguiram reverter situações adversas apesar dos mesmos limites . Piero destaca ainda que o espírito que sempre sustentou a equipe permanece vivo: “O espírito é o mesmo; basta observar os funcionários: há um forte senso de pertencimento. Em Maranello, você os vê depois do expediente ainda com seus uniformes, porque fazer parte da Ferrari representa um valor”.

A seca por títulos é longa: o último título de pilotos foi conquistado por Kimi Räikkönen em 2007, e o campeonato de construtores foi o de 2008, com Felipe Massa e Räikkönen no grid. A equipe vive agora sob pressão não apenas para quebrar essa sequência, mas também para evitar bater o recorde histórico de vazio entre conquistas — que permanece nos 21 anos entre 1979 e 2000 . A chegada do novo regulamento em 2026 surge como uma chance de renovação, mas a escuderia tem até 2028 para retomar o caminho das vitórias .

Em meio a esse panorama crítico, o piloto Lewis Hamilton, um dos maiores campeões da atualidade, vive um momento frustrante na equipe. Apesar disso, ele ocupa o sexto lugar no campeonato com 109 pontos — e atrás apenas de Charles Leclerc, com 151 — mantendo a Ferrari na segunda colocação no Mundial de Construtores, atrás apenas da dominante McLaren .

A história da Ferrari no início deste ano não é nova: Fernando Alonso (bicampeão) e Sebastian Vettel (quatro vezes campeão) também fracassaram em repetir o sucesso com o Cavallino Rampante, assim como Alain Prost antes deles — que só voltou a conquistar um título após trocar de time. Mesmo Hamilton, que chegou à equipe como esperança de reverter esse ciclo, ainda não conseguiu mudar os resultados em pista. Afinal, como ele mesmo expressou certa vez, “É um sonho fazer parte da Scuderia Ferrari, mas resultados tardios deixam a situação ainda mais delicada” .

Há um otimismo moderado com a chegada de Frédéric Vasseur ao comando da equipe — o engenheiro francês foi encarregado de liderar o caminho de volta à glória. As expectativas envolvem preparar-se desde já para o novo regulamento de 2026, buscando a recuperação da competitividade que outrora definiu a Ferrari como força dominante na F1.